terça-feira, 4 de junho de 2019

A Guitarra Fender


  Em 1944, Leo Fender, que tinha uma oficina de consertos de rádio, associou-se a Doc Kauffman, ex-empregado de Rickenbacker, para criar a companhia K&F. Produziram uma série de amplificadores e steel guitars (instrumento semelhante a guitarra Havaiana).

  Leo Fender julgava, acertadamente, que os pesados ímãs dos captadores usados então não precisavam ser tão grandes. Para experimentar um novo captador que projetou, montou-o numa guitarra maciça, cuja forma se baseava na guitarra havaiana, mas que tinha escala com trastes, como numa guitarra normal. O instrumento deveria servir apenas como demonstração para a eficiência do captador, mas logo passou a ser procurado por músicos country locais. Na verdade, tornou-se tão popular que havia uma lista de espera de pessoas que desejavam alugá-lo. Logo em seguida, Leo Fender rompeu a sociedade com Doc Kauffman e estabeleceu-se por conta própria; passou, imediatamente a trabalhar no projeto de um novo instrumento.

  Ele se preocupava com a utilidade e a praticidade, não com a estética. Queria fazer um violão normal, com um som claro como o da guitarra elétrica havaiana, mas sem os problemas de ressonância e feedback associados à caixa acústica tradicional. O resultado de seu trabalho foi a Broadcaster, que passou a ser fabricada a partir de 1948. A Broadcaster tinha braço desmontável, semelhante ao dos banjos da época. Isso era apenas uma questão de conveniência, pois Fender sabia que o braço é a peça do instrumento que tem maior probabilidade de causar problemas, e seu desenho "modular" permitia a substituição em apenas alguns minutos. Quanto ao corpo, quando o acabamento era natural a madeira usada era o freixo; quando pintado, o amieiro. A paleta tinha todas as tarraxas de um lado só, o que facilitava a afinação e evitava ter que dispor as cordas em leque. A Broadcaster tinha dois captadores de bobina simples, conectados a um botão seletor de três posições; uma posição correspondia ao captador traseiro, outra ao dianteiro e a terceira ao dianteiro e mais um captador especial. A guitarra original tinha o mesmo cavalete ajustável das Telecaster atuais: três parafusos ajustam a altura e o comprimento de escala de pares das cordas. A Broadcaster tinha também uma placa de proteção removível, que cobria o cavalete e o captador traseiro. As Telecaster ainda contam com essa placa que, no entanto, é raramente vista nas guitarras em uso, porque a maioria dos guitarristas acha que atrapalha sua técnica. Em 1954, Fender começou a produção da Stratocaster. Essa guitarra (e mais a Telecaster e os instrumentos que Les Paul fazia então para a Gibson), determinou os padrões de projetos de guitarras maciças desde então. No decorrer de 1955, Leo Fender contraiu uma infecção estereptocócica que lhe traria problemas durante dez anos. Em meados dos anos 60, ele estava convencido de que teria pouco tempo de vida e assim decidiu liquidar seus negócios. Em 1965, vendeu toda a companhia Fender à CBS, por 13 milhões de dólares. Pouco depois, trocou de médico e se curou. Em dois meses, voltou a atividade, agora como consultor de projetos para a CBS Fender, trabalhando em seu próprio laboratório de pesquisas. Esse acordo durou cinco anos. A partir de então, com sua própria companhia de pesquisas, a CLF Research Company, Leo Fender trabalhou nos instrumentos Music Man (com exceção dos amplificadores) e nas guitarras G&L.

O Captador Fender

  Os modelos Telecaster e Stratocaster da Fender são as guitarras mais freqüentemente identificadas com o "som" do captador de bobina simples, claro e vigoroso, mas com agudo penetrante. Em vez de usar um único ímã de barra, Leo Fender utilizou seis ímãs individuais, cada um com uma altura ligeiramente diferente, para ajudar a equalizar o volume amplificado das seis cordas. A bobina é enrolada ao redor dos seis ímãs.

  Quando foi lançada, em 1954, a Stratocaster tinha três características que a distinguiam imediatamente como uma guitarra revolucionária. Em primeiro lugar, o corpo era desenhado para oferecer o máximo conforto: recorte duplo, bordas chanfradas e a parte superior traseira do fundo dotada de uma depressão abaulada. Além disso apresentava um vibrato ou "trêmolo", magnificamente projetado, embutido num cavalete "flutuante" especial. Era a primeira guitarra maciça de três captadores, que ligava um de cada vez. Cedo, porém, os guitarristas descobriram que era possível equilibrar o seletor entre as duas posições, o que produzia um som "fora de fase" todo especial. Percebendo a atração dessa característica a Fender passou a usar um seletor de cinco posições. Assim como a Telecaster, a Stratocaster permaneceu basicamente inalterada ao longo dos anos. Em 1972, a Fender introduziu o ajuste "Micro-Tilt" e um tirante com a extremidade de ajuste em forma de bala. As Stratocaster são fornecidas em diversas cores e acabamentos, com escala em madeira clara ou escura.



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