Em 1944, Leo Fender, que
tinha uma oficina de consertos de rádio, associou-se a Doc Kauffman,
ex-empregado de Rickenbacker, para criar a companhia K&F. Produziram uma
série de amplificadores e steel guitars (instrumento semelhante a guitarra
Havaiana).
Leo Fender julgava,
acertadamente, que os pesados ímãs dos captadores usados então não precisavam
ser tão grandes. Para experimentar um novo captador que projetou, montou-o numa
guitarra maciça, cuja forma se baseava na guitarra havaiana, mas que tinha escala
com trastes, como numa guitarra normal. O instrumento deveria servir apenas
como demonstração para a eficiência do captador, mas logo passou a ser
procurado por músicos country locais. Na verdade, tornou-se tão popular que
havia uma lista de espera de pessoas que desejavam alugá-lo. Logo em seguida,
Leo Fender rompeu a sociedade com Doc Kauffman e estabeleceu-se por conta
própria; passou, imediatamente a trabalhar no projeto de um novo instrumento.
Ele se preocupava com a
utilidade e a praticidade, não com a estética. Queria fazer um violão normal,
com um som claro como o da guitarra elétrica havaiana, mas sem os problemas de
ressonância e feedback associados à caixa acústica tradicional. O resultado de
seu trabalho foi a Broadcaster, que passou a ser fabricada a partir de 1948. A
Broadcaster tinha braço desmontável, semelhante ao dos banjos da época. Isso
era apenas uma questão de conveniência, pois Fender sabia que o braço é a peça
do instrumento que tem maior probabilidade de causar problemas, e seu desenho
"modular" permitia a substituição em apenas alguns minutos. Quanto ao
corpo, quando o acabamento era natural a madeira usada era o freixo; quando
pintado, o amieiro. A paleta tinha todas as tarraxas de um lado só, o que
facilitava a afinação e evitava ter que dispor as cordas em leque. A
Broadcaster tinha dois captadores de bobina simples, conectados a um botão
seletor de três posições; uma posição correspondia ao captador traseiro, outra
ao dianteiro e a terceira ao dianteiro e mais um captador especial. A guitarra
original tinha o mesmo cavalete ajustável das Telecaster atuais: três parafusos
ajustam a altura e o comprimento de escala de pares das cordas. A Broadcaster
tinha também uma placa de proteção removível, que cobria o cavalete e o captador
traseiro. As Telecaster ainda contam com essa placa que, no entanto, é
raramente vista nas guitarras em uso, porque a maioria dos guitarristas acha
que atrapalha sua técnica. Em 1954, Fender começou a produção da Stratocaster.
Essa guitarra (e mais a Telecaster e os instrumentos que Les Paul fazia então
para a Gibson), determinou os padrões de projetos de guitarras maciças desde
então. No decorrer de 1955, Leo Fender contraiu uma infecção estereptocócica
que lhe traria problemas durante dez anos. Em meados dos anos 60, ele estava
convencido de que teria pouco tempo de vida e assim decidiu liquidar seus
negócios. Em 1965, vendeu toda a companhia Fender à CBS, por 13 milhões de
dólares. Pouco depois, trocou de médico e se curou. Em dois meses, voltou a
atividade, agora como consultor de projetos para a CBS Fender, trabalhando em
seu próprio laboratório de pesquisas. Esse acordo durou cinco anos. A partir de
então, com sua própria companhia de pesquisas, a CLF Research Company, Leo
Fender trabalhou nos instrumentos Music Man (com exceção dos amplificadores) e
nas guitarras G&L.
O Captador Fender
Os modelos Telecaster e
Stratocaster da Fender são as guitarras mais freqüentemente identificadas com o
"som" do captador de bobina simples, claro e vigoroso, mas com agudo
penetrante. Em vez de usar um único ímã de barra, Leo Fender utilizou seis ímãs
individuais, cada um com uma altura ligeiramente diferente, para ajudar a
equalizar o volume amplificado das seis cordas. A bobina é enrolada ao redor
dos seis ímãs.
Quando foi lançada, em 1954,
a Stratocaster tinha três características que a distinguiam imediatamente como
uma guitarra revolucionária. Em primeiro lugar, o corpo era desenhado para
oferecer o máximo conforto: recorte duplo, bordas chanfradas e a parte superior
traseira do fundo dotada de uma depressão abaulada. Além disso apresentava um
vibrato ou "trêmolo", magnificamente projetado, embutido num cavalete
"flutuante" especial. Era a primeira guitarra maciça de três
captadores, que ligava um de cada vez. Cedo, porém, os guitarristas descobriram
que era possível equilibrar o seletor entre as duas posições, o que produzia um
som "fora de fase" todo especial. Percebendo a atração dessa
característica a Fender passou a usar um seletor de cinco posições. Assim como a
Telecaster, a Stratocaster permaneceu basicamente inalterada ao longo dos anos.
Em 1972, a Fender introduziu o ajuste "Micro-Tilt" e um tirante com a
extremidade de ajuste em forma de bala. As Stratocaster são fornecidas em
diversas cores e acabamentos, com escala em madeira clara ou escura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário